quinta-feira, 14 de abril de 2011

Saber Ouvir

Olá,

Bem-vindo novamente ao meu blog!

Todos sabem da importância de ouvir mais que falar, mas será que este conceito é realmente posto em prática?

Vamos propor alguns cenários para reflexão:

1) Você está conversando com um amigo, e ele te conta que passou um aborrecimento ao ligar para uma operadora de celular para cancelar a cobrança de um serviço qualquer. Neste momento você se lembra que passou por uma situação semelhante há poucos meses. Como é o seu comportamento a partir daí?

2) Você telefona para um(a) amigo(a) pra contar que foi aprovado na seleção do emprego para a qual estava concorrendo. Antes de você conseguir iniciar o assunto, ele(a) te fala que o pai dele(a) está internado porque passou mal naquela manhã. Como você desenvolve a conversa?

3) Um conhecido seu acaba de perder um parente e você resolve fazer uma visita. Ao chegar, o vê em prantos. O que você faz?

4) Em uma reunião da empresa, você está demonstrando como por em prática uma estratégia que está bolando há dias. Seu colega sugere que seja feita uma mudança radical na sua ideia. Como você reage?

5) Você está em uma reunião de condomínio, e o síndico abriu espaço para os moradores exporem as coisas que os estão incomodando. Você quer pedir providências a respeito do barulho produzido pelo poodle da senhora que mora no apartamento acima do seu, mas um dos vizinhos está com a palavra há cinco minutos e não dá sinais de que está terminando. Como você se comporta?

Coloque-se nas situações acima e pense com sinceridade em suas reações.

Não tenho a pretensão de dizer que sei quais são as melhores opções, mesmo porque não há verdade absoluta quando se trata de comportamento. Minha intenção é provocar a reflexão de forma que se abram alternativas para que você tire suas próprias conclusões a respeito das Atitudes que te levarão a Viver Bem consigo mesmo e com os que convivem com você.

O primeiro cenário tem a ver com a necessidade que cada um tem de expor seus pensamentos. Um indivíduo deseja compartilhar a experiência difícil vivida por ele, esperando receber atenção para compensar sua decepção.

Porém, o que se segue normalmente é um conflito de interesses: Cada um quer dizer como foi sua própria experiência, como se fosse uma disputa de quem foi mais injustiçado. No fim das contas, nenhum dos dois atinge seu objetivo. Ambos falam ao mesmo tempo e ninguém é ouvido por inteiro.

Uma boa sugestão seria esperar que o amigo conclua totalmente o assunto antes de contar de sua experiência, de forma resumida.

Reflexão: Nossa vontade de falar se contrapõe à necessidade que o outro tem de ser ouvido.

No segundo cenário, vemos alguém que tem uma ótima notícia para dar mas ouve uma não tão boa. Neste caso, devemos pesar bem os fatos, e ponderar a possibilidade de abrir mão de dizer o que queremos para dar maior atenção ao problema alheio.

Não significa que não possamos falar de nossas conquistas, mas é importante não fazer com que esta empolgação se torne mais importante do que a enfermidade na família do outro. Trata-se de encontrar a medida certa entre boas e más notícias, dando conhecimento da nossa felicidade, mas mostrando que nos importamos e estamos dispostos a fornecer o apoio necessário na situação.

Reflexão: Nem sempre é boa hora para se dar boas notícias. Ao contrário das más, elas podem esperar um pouco mais.

Ninguém gostaria de viver uma situação como descrita no terceiro cenário, mas como as tristezas também fazem parte da vida, precisamos pensar sobre nossas atitudes ao confrontá-las.

Existem certos momentos em que o silêncio é melhor do que qualquer palavra de apoio. Um abraço apertado ou um aperto de mão sincero com um olhar carinhoso tem um valor inestimável nestas situações.

É claro que existem pessoas diferentes com necessidades diversas. Não estou dizendo que é proibido conversar com quem está de luto. Algumas destas pessoas precisam ouvir palavras de apoio para se sentirem melhor.

O fato é que é muito difícil se encontrar as melhores frases em certas ocasiões, e se não tomarmos cuidado, podemos angustiar ainda mais a pessoa que já está sofrendo.

Na maioria dos casos, apenas nossa presença e um discreto “Estamos aqui para o que você precisar” já é mais do que suficiente.

Reflexão: Em certas horas, ouvir o silêncio do outro sem dizer uma palavra já diz muita coisa.

Estamos abertos a escutar ideias divergentes das nossas? Essa é a questão na qual está envolvida o quarto cenário.

É razoável pensar que a primeira reação da maioria das pessoas nesta situação seria pensar: “Não preciso que alguém chegue na última hora e mude a estratégia que bolei com tanto empenho!”

Não é fácil ver nossos pensamentos serem contestados por quem quer que seja. Porém, é necessário ampliar as possibilidades: “E se ele estiver só tentando me ajudar?”; “E se a minha estratégia ficar até melhor com a sugestão dada?”; "Desta maneira, os resultados poderiam ser melhores?"

Os pensamentos mais simples são os que trazem as melhores soluções, mas quando estamos empenhados em algo, não é tão fácil pensar com clareza.

Devemos escutar com atenção a todos que estiverem participando das reuniões ou encontros, qualquer que seja o assunto discutido. Uma boa ideia pode surgir a qualquer momento por iniciativa de quem menos se espera.

Reflexão: Ouvir é aprender.

No último cenário vemos uma situação que é bem possível para muitos de nós. Foi nos dada a oportunidade de reclamar, mas alguém está falando em nosso lugar.

Uma das coisas a serem lembradas aqui é a autoridade e responsabilidade de quem conduz a reunião. Um professor (em sala de aula), um chefe (na reunião da empresa) ou o síndico (no caso citado) deve saber como dividir o tempo de modo que todos que precisam ser ouvidos tenham sua oportunidade de falar.

Mas convém lembrar que o sucesso de uma reunião depende de todos os participantes.

Cada um que expõe seus problemas tem a mesma necessidade de ser ouvido, e quando nos preocupamos muito com o que vamos falar, acabamos por perder a oportunidade de aprender com as experiências dos outros.

Talvez o problema do vizinho tenha influência direta em nossa vida, ou dependa de uma atitude nossa para ser resolvido. O ideal nestas situações é que cada pessoa participe sem alongar demais seu discurso, para que sobre tempo para todos.

Se necessário, o dirigente da reunião pode intervir para garantir este direito.

E mesmo que a oportunidade de falar apareça, devemos tomar o cuidado de não interromper o colega antes que ele conclua seu raciocínio e obtenha sua resposta.

Reflexão: O nosso problema não é mais importante que o problema do outro.

Para finalizar, gostaria de propor mais algumas reflexões.

Muitas vezes, quando temos algo a dizer, não prestamos a devida atenção ao que o outro fala.

- Quantas vezes interrompemos o discurso de alguém, ou apenas esperamos que ocorra uma pausa para começarmos a expor nossas ideias?

- Num diálogo, nos importamos apenas em expor nossas convicções ou temos paciência de ouvir e entender a visão do outro?

- As coisas que ouvimos são utilizadas como informação útil em nosso dia-a-dia? Ou escutamos apenas para ter assunto para comentar com nossos amigos?

Espero que estas perguntas sejam respondidas naturalmente na medida em que surgirem experiências que lhe façam relembrar os assuntos aqui discutidos.

Por hoje é só.

Agradeço muito que você tenha lido esta postagem.

Desejo que cada vez mais você tenha uma vida melhor, e que este blog tenha contribuído ao menos um pouquinho para isso.

Abraços, e até a próxima.