quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Fale baixo e claro

Olá.

Tenho o hábito de observar o comportamento das pessoas que vejo no dia-a-dia e também daquelas com as quais tenho um relacionamento mais próximo. Depois de refletir um pouco sobre o modo de agir de cada um, fiz algumas deduções que gostaria de compartilhar com vocês.

Discussões sem Propósito

Muitos já devem ter experimentado participar de discussões que terminaram sem nenhum resultado.

Já notaram como se desenrolam estas discussões?
(estou falando das que não acabam em agressão física, pois isso já é caso de polícia)

Normalmente, os interlocutores ficam repetindo seu ponto de vista, cada vez num tom mais alto e sem prestar atenção no que o outro diz. No fim, nenhum dos dois aprendeu nada, e o problema, se não aumentar por causa da discussão, continua como estava.

Por outro lado, as pessoas que tem consciência do seu poder de persuasão, sendo este de fato ou de direito, fazem uso da palavra com a voz mais serena possível. Isso nos dá a certeza de que ele possui um bom auto-controle e inabalável determinação.

Esta voz que impõe sem exagerar, mesmo tendo seu caráter sereno, não deixa de impor respeito.

Uma técnica bem eficaz, posso dizer por experiência própria, é se manter calmo e segurar o tom de voz o mais baixo (e claro) possível ao discutir pontos de vista.

Dizer em poucas palavras, sem gritar, os motivos e razões de pensar desta ou daquela forma, e evitar ao máximo perder o controle emocional ou cair na repetição, são as melhores armas para se terminar uma discussão eficientemente.

Após expor suas idéias, se o outro não mudar sua opinião, não adianta continuar a conversa sem acrescentar nada de novo. Neste caso, você pode simplesmente dizer, olhando nos olhos: “Você pensa assim, eu não penso, e ambos temos que aceitar essa diferença.”

Ficar esticando a conversa para tentar fazer o outro pensar como você NÃO VAI FUNCIONAR! Pode acreditar!

Quando há uma autoridade implícita envolvida na discussão, a complexidade da situação aumenta um pouco, mas isso não quer dizer que a solução não exista.

O único cuidado que se deve tomar é: Se o outro lado for seu chefe (ou pai, ou superior em qualquer outra instância), você deve medir bem suas palavras, e tentar convencê-lo amigavelmente do seu ponto de vista. Em último caso, aceite a opinião dele, pois neste caso você está em desvantagem.

Demonstração de Autoridade

Se você é quem comanda a situação (chefe do setor, ou dono do lugar, etc.), deve tomar o cuidado de não exagerar na medida de demonstração de poder.

Alguns pensam que, por ser um “superior”, podem subjugar os outros e imporem sua vontade a qualquer custo, usando muitas vezes de humilhação (principalmente através do tom de voz) e abuso de autoridade.

Um bom gestor usa da boa conversa, e se mantém estável em qualquer tipo de discussão. Ele sabe que sua opinião final é a que vai prevalecer, e que tem o poder (implícito) de guiar a situação a seu modo, mas está aberto a escutar outras opiniões e sugestões.

Por mais que pense já ter encontrado a melhor solução, ele não se nega a examinar outras possibilidades, pois não se esquece de que as soluções mais simples (e portanto, melhores) surgem muitas vezes de pessoas das quais não se espera.

De qualquer forma, o máximo que pode acontecer é se gastar um pouco de tempo, para depois ser comunicado a todos que seu ponto de vista foi mantido (ou não). Os outros, por mais que não concordem, deverão seguir a direção escolhida, ou correm o risco de sofrerem as consequências, pois, no fim das contas, o poder de fazer e desfazer continua sendo seu.

Quando se tem consciência do poder que está em suas mãos, e se faz bom uso deste poder, não é necessário tomar medidas medíocres como ameaças, punições descabidas e outros tipos de atitudes deste tipo.

A sua autoridade está na sua posição, não no seu tom de voz. Quando sabemos utilizar bem as palavras, não precisamos abusar do volume. Pense nisso!

Fale baixo, mas principalmente, fale claro!

Sempre achei o ato de falar baixo uma virtude de quem o pratica, mas já fui um pouco criticado por abaixar demais o volume da minha voz.

A partir destas críticas, percebi que posso tranquilamente manter meu modo de conversar, desde que me faça ouvir claramente.

Falar claro significa articular, falar pausadamente, pronunciar as palavras até o fim, não comer letras ou sílabas, e não correr demais como se o tempo não fosse suficiente para dizer toda a mensagem.

Seu interlocutor não está na sua mente para saber o que você pensa, então não converse na velocidade do seu pensamento. Se você falar devagar, vai precisar dizer apenas uma vez.

Não se deve confundir o ato de falar baixo com falar “para dentro”, como quem está com medo. Se necessário, aumente um pouco o tom para que o diálogo tenha melhor fluência, mas evite a todo custo gritar. Isso não é agradável para a conversa, nem saudável para a garganta.

Tenha em mente a distância que te separa do outro, e fale alto apenas o suficiente para ele te ouvir. O mais importante é que se fale claramente.

Conversar faz bem pra saúde, contanto que a conversa seja agradável para ambas as partes.

O silêncio também é importante para a mente e para o espírito, mas isso é assunto para outra postagem.

Por hoje é só.

Um abraço, e fiquem com Deus.